X Portalegre JazzFest - Lama + Chris Speed



Qui. 27 Setembro – Lama + Chris Speed
X Portalegre JazzFest
Grande Auditório
Inicio 21.30h
Entrada 9 euros (Com direito a 1 CD Clean Feed)
Livre Transito – 25 euros (Com direito a 3 CD’s Clean Feed)
M/4 anos


Chris Speed – Clarinete e Saxofone Tenor
Susana Santos Silva – Trompete
Gonçalo Almeida – Contrabaixo e Eletrónica
Greg Smith – Bateria e Eletrónica

O mentor do projeto Lama, Gonçalo Almeida, diz-se influenciado por «tudo e mais alguma coisa» (a melhor maneira de traduzir «anything and everything») na sua página do Myspace. Sendo este contrabaixista o principal compositor do trio, será por isso que a música apresentada em “Oneiros”, o seu disco de estreia, é um cool jazz passado pelos filtros do free jazz e do jazz de câmara, tendo ainda uma vertente ambientalista nas suas adições de uma eletrónica “lowercase” e outra cinematográfica que, por vezes, lembra as bandas sonoras de Nino Rota e as estranhas atmosferas, tanto dos filmes de Fellini, como dos de Tarantino, nome que figura, de resto, como um dos títulos do CD.

A este “melting pot” haverá que assinalar ainda alguma formatação rock, indo do Prog ao Pós-Rock, de King Crimson a Tortoise, e a existência de alguns elementos étnicos, sejam as polirritmias africanas ou os balanços latinos introduzidos pelo único não-português deste grupo nascido em Roterdão, o baterista canadiano Greg Smith.
O instrumento solista dos Lama é o trompete de Susana Santos Silva, e também este atravessa obliquamente o mapa das músicas de hoje. Nas elogiosas críticas da imprensa internacional ao álbum, é comum a referenciação do som cristalino, mas acutilante, da jovem trompetista em Rob Mazurek, Dennis González e Bill Dixon, mas seria também de acrescentar Kenny Wheeler e Wadada Leo Smith, este sobretudo nos seus recentes tributos a Miles Davis. Há, de facto, um lado “Miles in the Sky” ou “Filles de Kilimanjaro” nos temas de Lama, uma melancolia que é mais contemplativa do que introspetiva, levando-nos a imaginarmos e não, propriamente, a colocarmo-nos questões. O que quer dizer, também, que os seus paisagismos sonoros nem sempre são planos. Há “groove” neste jazz, pintando montanhas no horizonte.

Não é, pois, estranho que nesta atuação no Portalegre Jazzfest – a qual será gravada para posterior edição pela Clean Feed – os Lama tenham como convidado alguém que se destacou precisamente por este tipo de abordagem musical, muito em particular com o pós-moderno Claudia Quintet: o saxofonista tenor e clarinetista norte-americano Chris Speed.

Este é um descendente direto de Warne Marsh, Jimmy Giuffre, Paul Desmond e Lee Konitz (com quem, assinale-se, já tocou Susana Santos Silva enquanto membro da Orquestra Jazz de Matosinhos), mas com um entendimento do seu papel que evidencia a audição de um Anthony Braxton.

Sabendo, para mais, do gosto de Speed pela tradição da lounge music e até, suspeitamos, pelo Chill Out digital, é de esperar algo ainda mais imagético e mais “soft”, ainda que com dinâmicas, com súbitas trocas de tempo, com inquietações.

Gonçalo Almeida
Depois dos seus estudos em Roterdão, o contrabaixista decidiu ficar na cidade e nela ter a base das suas múltiplas atividades. Além de liderar o trio LAMA, está envolvido em numerosas formações, como Atos, Tetterapadequ, Michal Osowsky Collective, Heinz Karlhausen & The Diatonics e Spinifex Quintet, numa faixa que vai desde o jazz de fusão à música livremente improvisada.

Susana Santos Silva
Residente no Porto, estudou na prestigiada ESMAE, no Conservatório de Roterdão e na Alemanha. Pertence à Orquestra Jazz de Matosinhos e à European Movement Jazz Orchestra. Lidera o seu próprio quinteto, tendo o CD de estreia deste, “Devil’s Dress”, merecido a entusiástica receção da crítica especializada. Teve já oportunidade de tocar com músicos como Kurt Rosenwinkel, Mark Turner, Carla Bley, Joshua Redman, John Hollenbeck e Maria Schneider, entre muitos outros.

Greg Smith
Natural do Canadá, resolveu fixar-se na Holanda por ocasião de uma digressão europeia. Gonçalo Almeida e Susana Santos Silva conheceram-no quando frequentavam o Conservatório de Roterdão: o baterista trabalhava na escola de dança situada ao lado. Faz parte de uma variedade de grupos de fusão com o Funk, o Rock e o Jazz, bem como de formações de world music, como Sandra St. Victor’s Sinner Child, Colonel Red, Maghreb Mania e The Hungry Gods.

Chris Speed
Natural de Seattle, nos Estados Unidos, formou-se no New England Conservatory of Music. Co-lidera os grupos Pachora, Human Feel, Yeah No e Trio Iffy, e pertence aos Bloodcount, de Tim Berne, ao Claudia Quintet, de John Hollenbeck, aos Alasnoaxis, de Jim Black e ao trio The Clarinets, com Oscar Noriega e Anthony Burr. Colaborou ainda com Mark Dresser, Dave Douglas, Myra Melford, Erik Friedlander e Satoko Fujii, entre outros.

"A utilização de variados recursos técnicos permite ao trio a criação de ambientes distintos, num disco que, aparentando desafio e complexidade, se desvenda altamente recompensador para o ouvinte, na sua rica diversidade: alegria, groove, energia, melodismo, delicadeza, surpresa"
Nuno Catarino, “Público”

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