20 a 22 Mar :: 11º Portalegre JazzFest



O programa do 11º Festival Internacional de Jazz de Portalegre (Portalegre JazzFest), apresentará, como habitualmente, um concerto de jazz nacional, um de jazz Europeu e, para finalizar, um de jazz Norte-Americano.
Como aposta principal para este ano, surgem diversas atividades de cariz formativo, como as oficinas de instrumentos e um concerto comentado, destinados ao público escolar.

Para iniciar o JazzFest, na quinta-feira, 20 de março, subirá ao Grande Auditório do CAEP o trio de Mário Laginha, acompanhado de Alexandre Frazão, na bateria e Nelson Cascais, no contrabaixo. No espaço do café-concerto, o after hours irá receber de novo a Clean Feed DJ Party, um retumbante sucesso no ano passado, com uma mescla de décadas e géneros musicais, primando pela qualidade e energia únicas.
Chamamos a atenção do público para a primeira apresentação de um projeto recém-criado, o CAEP Voices (Grupo Vocal do CAEP), que no final do concerto de Mário Laginha, proporcionará a todos os presentes uma oportunidade para se deleitarem com vozes de todos os estilos e gerações.

Na sexta, 21 de Março, será a vez do projeto FIRE!, com Mats Gustafsson, Andreas Werliin e Johan Berthling, que promete “aquecer” o Grande Auditório do CAE Portalegre.
Para encerrar o ciclo de concertos no Grande Auditório, no sábado, 22 de Março, teremos os Lean Left, o quarteto de Ken Vandermark, saxofonista e clarinetista norte-americano que já nos visitou com dois projetos inesquecíveis (Ken Vandermark/Haavard Wiik/Chad Taylor e os 4 Corners), em concertos sempre fora do Portalegre JazzFest, e que finalmente na sua estreia no Festival de Jazz vem acompanhado por Paal Nilsen-Love e a dupla Terrie Ex e Andy Moor (do grupo holandês The Ex).

Nos espetáculos after hours, a novidade deste ano será a presença do bluesman Samuel James, em dois concertos no espaço Café-Concerto do CAE Portalegre.

Para esta 11ª edição, continuará a parceria entre o CAEP e a editora Clean Feed, através da oferta de CD’s na compra de entradas para o festival (1 CD por entrada e 3 CD’s pelo Passe para os 3 dias), no intuito de promover, divulgar e conquistar novos públicos.

Para além destas novidades, irão manter-se as tradicionais Feiras do Disco (responsabilidade da Clean Feed/loja Trem Azul) e a Mostra de Vinhos e Produtos regionais, no Foyer do CAEP.



Qui. 20 de Março - Mário Laginha Trio
(Mário Laginha / Nelson Cascais / Alexandre Frazão)
11º Portalegre JazzFest
Grande Auditório - 21.30h
Preço 8 € (com direito a 1 CD)
Passe para o festival 20 € (Com direito a 3 CD’s)
M/4 anos

 

Mário Laginha - Piano
Nelson Cascais - Contrabaixo
Alexandre Frazão - Bateria

Com uma carreira iniciada há mais de duas décadas, Mário Laginha é habitualmente conotado com o Jazz. Mas o universo musical que construiu com Maria João é um tributo às músicas que sempre o tocaram, a começar pelo jazz, mas passando também pelos sons brasileiros, indianos, africanos, pela Pop e o Rock, sem esquecer a Música Clássica.
Em finais da década de oitenta, colabora com Pedro Burmester, uma dupla que seria alargada a Bernardo Sassetti em 2007, no projeto “3 Pianos”. Sassetti foi, de resto, até ao seu triste desaparecimento, parceiro de Mário Laginha em dezenas de concertos e em dois discos gravados.
O pianista tem também escrito para big bands e orquestra e compõe também para cinema e teatro. As suas obras mais recentes são “Iridescente”, com Maria João, “Mongrel”, em trio com Bernardo Moreira e Alexandre Frazão, um trabalho que partiu de temas originais de Chopin.
Mário Laginha regressa ao JazzFest, com um novo trio (e a novidade Nelson Cascais), e um novo desafio musical.

Qui. 20 de Março – Clean Feed DJ Party
11º Portalegre JazzFest
Café-Concerto - 23.00h
Entrada Livre
M/4 anos



“A Noite fez-se para dançar…”. A Clean Feed e o CAEP, ao som do rock tonitruante dos anos em que a guitarra era rei, convidam-no a escutar mais uma vez os sons que definiram uma geração, e as batidas que movem (e moverão) as gerações contemporâneas: Love, Stooges, Led Zeppelin, Funkadelic, David Bowie, The Pixies, The Who, The Rolling Stones, The Beatles…
Ah, e sem esquecer um certo género musical, que dá pelo nome de Jazz!




Sex. 21 de Março - FIRE!
(Mats Gustafsson / Andreas Werliin / Johan Berthling)
11º Portalegre JazzFest
Grande Auditório - 21.30h
Preço 8 € (com direito a 1 CD)
Passe para o festival 20 € (Com direito a 3 CD’s)
M/4 anos


Mats Gustafsson – Saxofone, Fender Rhodes, Eletrónica
Johan Berthling – Baixo
Andreas Werliin - Bateria e Percussão


Fire! é muitas coisas em simultâneo, mas nada – ou muito pouco – deve à fusão surgida na década de 1970 por Miles Davis (a partir do Jazz), ou pelos Soft Machine (de Robert Wyatt, a partir do Rock) e à colagem de géneros e estilos avançada por John Zorn nos anos 90.

A improvisação deste grupo sueco integra as mais diversas gramáticas musicais urbanas de hoje, sem fazer caso dos seus respetivos aspetos formais. Está lá o Free Jazz que tanto Gustafsson tem procurado revitalizar, em versões ainda mais viscerais da estética do grito de um Albert Ayler. Também encontramos nos Fire! o fator “Jam” que o rock teve nos anos 60 e 70 e que gradualmente foi perdendo, bem como o psicadelismo nascido numa época em que a viagem pelo interior das mentes procurou refletir a que por essa altura se iniciava na direcção do Espaço. E o Punk, atitude social e política de força que foi também um regresso aos fundamentos, ou seja, ao que de mais essencial tem a música: a energia. E a electroacústica experimental, contraposta à que se vai desenvolvendo nas universidades, e ainda o que ficou conhecido por “Noise Music”, corrente que glorifica o som no seu estado mais selvagem.

Um concerto dos Fire! é um momento de catarse, um acto purificador e de libertação, um baque nas consciências – o mais incrível sendo que tudo se rege por uma disciplina e um enfoque extraordinários.
São intensos, excessivos e inebriadores, proporcionando uma experiência única a quem os ouve ao vivo.
A Suécia pode gelar no Inverno, mas a música que vem deste país nórdico ferve…

Mats Gustafsson
Um dos mais importantes saxofonistas da Europa, está envolvido nos mais diversos projetos, de entre os quais se destaca The Thing, trio que tanto pode interpretar a música de um dos heróis do free jazz, Don Cherry, como logo de seguida apresentar uma versão dos Yeah Yeah Yeahs. Ao longo do seu percurso tocou com o grupo pós-punk Sonic Youth (e recentemente colaborou com Thurston Moore, o seu líder), o camaleónico Jim O’Rourke, o imprevisível Otomo Yoshihide, o massivo Peter Brotzmann e com Masami Akita (Merzbow), o príncipe negro do ruído entendido como arte.

Johan Berthling
Com a guitarra baixo ou o contrabaixo, divide a sua atenção entre o jazz, a música improvisada e o pop-rock alternativo, tendo ganho nome com a banda de culto Tape, de que foi um dos fundadores. Integra os projetos Ohayo e Boots Brown, faz parte do Sten Sandell Trio e já o vimos em Portugal a tocar com Pedro Sousa e Gabriel Ferrandini, músicos da novíssima vaga da improvisação nacional. Está à vontade em qualquer linguagem musical, o que faz dele um produtor e arranjador muito procurado em toda a Escandinávia, e não só.

Andreas Werliin
Figura em ascensão na bateria do jazz criativo e da livre-improvisação, integra as bandas Wildbirds & Peacedrums, Tonbruket e Loney Dear, tendo igualmente trabalhado com músicos de vocação experimental como Oren Ambarchi e Jim O’Rourke. A sua abordagem das peles e dos pratos é propulsiva e incansável, algures entre o “beat” obsessivo de um Jaki Liebezeit (Can) e o fragmentarismo rítmico de Paul Lovens. É ele quem fornece as bases de sustentação dos grupos em que participa. Se parasse, tudo cairia, como um castelo de cartas.




Sex. 21 e Sáb 22 de Março - Samuel James, Solo Acoustic Roots Musician
11º Portalegre JazzFest
Café-Concerto - 23.30h
Preço 3 €
Passe para o festival 20 € (Com direito a 3 CD’s)
M/4 anos


Samuel James - Guitarras, Harmónica, Banjo, Piano

Se nos guiarmos pela sua aparência física, no momento em que Samuel James entra no palco ficamos com a impressão de que vamos assistir a um concerto de rap. Mas o aprumo de estrela de cinema ou de modelo de moda e as tatuagens enganam. Afinal, o que ele traz consigo é uma guitarra de caixa, um banjo e uma harmónica e o que vamos ouvir é Blues.

Blues de raiz, aqueles nascidos no Delta do Mississippi, se bem que os usos vocais deste jovem e notável recuperador das tradições da negritude nos Estados Unidos lembrem por vezes James Brown e até Tom Waits, indo para desfechos que foram alimentados pelos blues, mas que já não são blues. Ou serão?
O certo é que, se ficamos encantados com os seus dotes como guitarrista, podemos esquecer -nos de que se trata de blues ou sequer de música, pois Samuel James é, sobretudo, um contador de histórias.

É um “storyteller” na velha acepção da palavra, remetendo-nos para um tempo em que famílias e amigos partilhavam memórias e imaginações nas varandas das casas de madeira dos campos do Louisiana. Digamos que ele é um rapper rural, um rapper de outros tempos que ainda vivem, felizmente, neste tempo de hoje.
Lembrando-nos que o relógio e o calendário estão em permanente contagem e o que somos todos é o que fomos antes. E o que seremos depois.

“Samuel James é o Guardião do Relâmpago”.  – Rolling  Stone France




Sáb. 22 de Março - Lean Left
(Ken Vandermark / Paal Nilsen-Love / Terrie Ex / Andy Moor)
11º Portalegre JazzFest
 
Grande Auditório - 21.30h
Preço 8 € (com direito a 1 CD)
Passe para o festival 20 € (Com direito a 3 CD’s)
M/4 anos


Ken Vandermark – Saxofone tenor, Clarinete
Andy Moor – Guitarra
Terrie Ex – Guitarra
Paal Nilsssen-Love - Bateria


O projeto Lean Left surge das colaborações do saxofonista e clarinetista norte-americano Ken Vandermark com os holandeses The Ex, e do reforço da vertente jazz e improvisada que esta banda nascida com o movimento Okupa foi gradualmente desenvolvendo, culminando com o acrescento de uma secção de sopros nos seus concertos, a Brass Unbound. É resultado igualmente de dois duos, aquele que Vandermark mantém com o baterista Paal Nilssen-Love, de resto um seu parceiro em diversos grupos, e o outro constituído pelos dois guitarristas dos The Ex, Andy Moor e Terrie Ex.

Esta fórmula em quarteto representa o cruzamento de duas heranças musicais desviantes iniciadas nas décadas de 1960 e 70, a do Free Jazz e a do Free Rock, na confluência de dois formatos estilísticos, jazz e rock, unidos pela máxima exploração do princípio da liberdade expressiva. Na matriz das incendiárias apresentações do grupo estão o Hard Bop e o Punk, mas são cobertos outros terrenos estilísticos, passando pela utilização de elementos folclóricos, pela pura experimentação sonora, indo até ao limite do noise, e por uma prática da improvisação que ora é integral, ora busca novas formas de conexão com a escrita.

Nenhum parâmetro da música é excluído, mesmo o mais convencional.
Lean Left utiliza bases rítmicas groovy e fraseados acentuadamente melódicos, tanto quanto texturas abstratas e ruído, numa abordagem descomplexada e sem tabus, que pode ir da cacofonia ao lirismo.

Ken Vandermark
Ken Vandermark é um dos mais ativos músicos do jazz norte-americano, dirigindo ou estando envolvido numa invulgar quantidade de grupos, e editando discos com uma regularidade impressionante. Ainda no auge da sua vida (nasceu em 1964) e da sua carreira, foi já distinguido por um Genius Award, o MacArthur Prize. Enraizado na tradição saxofonística do jazz e no pós-bop, o seu mundo musical vai até à música livremente improvisada e inclui elementos do rock, do funk e até da música erudita.

Paal Nilssen-Love
Considerado um dos mais importantes bateristas de jazz dos nossos dias e também ele participando num grande número de projectos musicais – alguns dos quais em duo, por exemplo com o expressionista Mats Gustafsson e com o “noise maker” Lasse Marhaug, mas tendo o trio The Thing como principal expoente –, o norueguês Paal Nilssen-Love é bem o exemplo de um músico multifacetado, mas que considera cada concerto e cada disco como um passo adiante num investimento em permanente continuação e renovação. Especialmente orientado para a construção de bases rítmicas irregulares e quebradas, mas ainda assim altamente energéticas, é também capaz de um swing e de um groove de fazer bater o pé.

Terrie Ex
Um dos fundadores do grupo punk anarquista The Ex, surgido em 1979 e ainda em atividade, após algumas mudanças de membros (uma delas determinada pelo abandono do baixista Luc Ex), é o principal responsável por uma maneira, especialmente sincopada e saltitante, de tocar, que não tem equivalentes no cenário geral do rock e também pela abertura da música da banda ao free jazz, à música improvisada radical e, nos últimos anos, aos sons provenientes da Etiópia, país habitualmente visitado por estes antigos okupas. A sua postura como guitarrista é a de um anti-virtuoso, mais interessado em explorar a distorção e o “feedback” do que em entrar por exibicionismos técnicos.

Andy Moor
Escocês de nascimento, mas radicado em Amesterdão, na Holanda, desde 1990, ano em que integrou os The Ex, Andy Moor começou por vincar o seu nome no grupo de rock alternativo Dog Faced Hermans, moldado na energia do punk e na desenvoltura da improvisação e do experimentalismo. Em paralelo, faz parte do grupo Kletka Red, conhecido por mesclar influências rock e jazz com o klezmer judeu e as músicas tradicionais do Centro e do Leste da Europa, e tem desenvolvido um trabalho muito diferente com o compositor electroacústico cipriota Yannis Kyriakides. Colabora regularmente com os principais improvisadores holandeses e ainda com a Magpie Music Dance Company.


Qui. 20 a Sáb 22 Março – Oficinas de Música
Orientado por Samuel James para Guitarra, voz e harmónica
11º Portalegre JazzFest
Café-Concerto
Máximo 20 inscrições
Entre as 17h e as 19h


Um músico americano, com formação no mundo rico e infinito do Blues, irá proporcionar uma original troca de experiências e de sabedoria, através de instrumentos tão carismáticos e diversos, como os utilizados por Tom Waits, Bob Dylan e muitos outros ícones.


Sex. 21 de Março – Concerto Comentado sobre os Blues e a pré-história do Jazz
Dirigido por Samuel James
11º Portalegre JazzFest
Grande Auditório - 14.30h
Entrada Livre, mediante marcação
Destinado a público escolar
M/4 anos


O Jazz nasceu no Sul dos Estados Unidos, no seio das comunidades afro-americanas, que foi também o berço criador da outra forma musical genuinamente deste grande continente, o Blues.
Do Delta do Mississippi, da Louisiana e Chicago, chegam-nos os ritmos hipnotizantes e sedutores desta forma musical única, comentados por um “nativo”.

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