O jeitinho brasileiro de Maria João

Com os 14 temas de “João”, retirados do cancioneiro popular do Brasil, Maria João volta, muitos anos depois, a assinar um trabalho apenas com o seu nome.

O que fazer de temas do cancioneiro popular brasileiro tão tocados, tão recriados e reinventados como “Canto de Ossanha”, de Baden Powell/Vinicius, “No tabuleiro da baiana”, de Ary Barroso, ou “Rosa”, de Pixinguinha/Octávio de Sousa, a não ser continuar a ouvi-los em algumas das suas marcantes e inesquecíveis interpretações? Maria João resolveu atacar de frente o problema e assumiu-o como um desafio. E esse é, provavelmente, o maior trunfo de “João”, nome do novo disco da cantora que há mais de uma década desenvolve uma parceria frutuosa com o pianista e compositor Mário Laginha.

Maria João é senhora de uma invulgar versatilidade, e isso nota-se neste trabalho. Os registos vão desde o sussurro intimista (“A outra”, “Meu namorado”) até à quase explosão energética (“ECT”, “Canto de Ossanha”), com a cantora a descartar excessos que, se funcionam bem nos registos mais livres da improvisação jazzística, poderiam destruir o equilíbrio de canções cuja essência se optou por respeitar.

O risco é grande, mas Maria João tratou de o reduzir ao mínimo, fazendo-se rodear de um grupo de músicos de créditos firmados. O guitarrista Mário Delgado, o contrabaixista Yuri Daniel, o baterista Alexandre Frazão e a harpista Eleonor Picas erguem um som eficaz, feito de simplicidade e elegância e servido por grande competência técnica. Os arranjos são colectivos com direcção a cargo de Miguel Ferreira, teclista dos Clã, o que ajuda a explicar muita coisa.

Carlos Romero

Dia 26 de Maio :: O jeitinho brasileiro de Maria João
Grande Auditório
Inicio 22.00h
Preço único 10 €

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